Título: Quando é que um sim é um não e um não pode ser sim?
“ «Põe-te a milhas, deves estar parvo, se pensas que algum dia vou jantar contigo.» Vamos chamar-lhe situação A. Denota um claro desprezo pelo sujeito que tentou uma aproximação e pressupõe que a taxa de sucesso de um possível relacionamento é menor que zero. Analisemos agora a situação B: «Esperei por ti a vida toda, estou mortinha por ir beber café À beira-rio e falar durante horas, estava a ver que nunca mais me convidavas.» Parece bastante óbvio que a noite vai correr bem a alguém, depois deste encontro.
As duas situações são claras. O sujeito do caso A vai pregar para outra freguesia, se tiver amor-próprio, e o sujeito do caso B está prestes a embarcar numa linda história de amor (ou a meter-se num lindo sarilho, depende). Acontece, porém, que as coisas raramente se passam assim no inicio de uma relação. E entre uma situação e outra, há um mundo de insinuações, subtilezas, avanços e recuos, pequenos «sins» e confusos «nãos» que nos podem deixar muito baralhados. Na maior parte das vezes, é preciso algum esforço para interpretar os sinais.
No meio tempo, enquanto tentamos perceber o que realmente se passa, lá vamos deixando a imaginação à solta. E já fantasiamos com o casamento, a lua-de-mel, os filhos, as discussões que culminam no sexo depois de fazer as pazes. Tudo isto a decorrer alegremente na nossa cabeça, com a mesma pessoa que apenas nos deu um redondo «nim». Não há nenhuma espécie de código da estrada que nos diga que esta situação é de sentido proibido, naquela somos obrigados a seguir em frente, na outra não podemos fazer inversão de marcha e ali temos via verde até ao infinito. Por isso, contamos apenas com a idade e a experiência para nos ensinarem a lidar com tudo isto. Com o tempo, lá vamos aprendendo a distinguir as ocasiões em que talvez consigamos alguma coisa, daquelas em que está na cara que não vamos ter sorte nenhuma e devemos tirar rapidamente o cavalinho da chuva antes de batermos com os burros na água. Nem sempre acertamos e por vezes até demoramos algumas semanas ou meses (anos, nos casos mais graves) até conseguir ver o filme todo. Mas isso faz parte do encanto da conquista – e do desencanto do coração partido.
Infelizmente, há muita gente que nunca chega a apurar essa difícil e ancestral «capacidade de interpretação de sinais da outra pessoa em caso de engate». E se alguns de nós conseguem topar a coisa à distância e saber mais ou menos como é que vai acabar, ainda a procissão vai no adro, outros precisam de uma grande ajuda – ou um grande placard a dizer «não vás por aí, não sejas otário».
Como ainda não desenvolveram workshops eficazes para isso, o melhor talvez seja socorrermo-nos dos amigos para nos ajudarem a perceber o que está menos claro ou não conseguimos ver. Um bom amigo dir-nos-á que se ela não atende os nossos telefonemas durante três dias, não devolve as chamadas depois de enviarmos um SMS assinado a perguntar se está tudo bem, é porque está na hora de deixarmos de insistir. Um bom amigo dir-nos-á que se ela nos escolhe para desabafar sobre o ex-marido é porque não está a ver mais nada, naquele momento e nos próximos tempos. Um bom amigo dir-nos-á que se ela diz que adora falar connosco mas só nos convida para ir às compras, é porque caminhamos a passos largos para sermos apenas bons amigos. Um bom amigo dir-nos-á que se ela não responde ao e-mail lamechas depois da primeira noite juntos, é porque talvez não esteja interessada numa segunda.
Nesta história de tentar perceber o que a outra pessoa quer de nós, há também um terceiro tipo de sujeitos: os que não vêem nem querem ver. São o que mais se aproxima do masoquista crónico, e acham que o tempo acabará por provar que têm razão. E se não provar, o pior que pode acontecer é terem perdido uns anos preciosos da vida. Afinal, o que é isso comparado com a eternidade do «viverem felizes para sempre»?”
O texto não é meu, podia ter sido eu a escrever isto, mas não fui.
O Paulo, autor do texto, é jornalista e como tal está limitado ao espaço (leia-se caracteres) que lhe disponibilizam.
Deste modo é normal que à primeira vista as situações retratadas sejam meio “simplistas” (ou banais… Vá, banais não, até porque não estão sempre a acontecer, mas quanto a este tema em específico os exemplos que são dados, são os que ali puderam ler). Claro que isto acontece devido ao limite de caracteres que existe.
Contudo aqui fica porque em meras 689 palavras, conseguem tirar meia dúzia de lições.
E no final só perde quem não aprende, ou não quer aprender…
Claro que se o Paulo tivesse mais “margem de manobra” poderia continuar escrevendo: “Um bom amigo dir-nos-á que se ela não atende os nossos telefonemas durante três dias, não devolve as chamadas depois de enviarmos um SMS assinado a perguntar se está tudo bem, é porque está na hora de deixarmos de insistir”, Acrescentando: Mas se ela atender e der muita atenção, não quer dizer, necessariamente, que vais ter a sorte do tipo do “caso B”.
Ou então: “Um bom amigo dir-nos-á que se ela não responde ao e-mail lamechas depois da primeira noite juntos, é porque talvez não esteja interessada numa segunda.” Acrescentado: Pudera… Porque raio tiveste tu de enviar um e-mail lamechas!? Não podias esperar um tempo!?
Ou então: Hum… A tipa só te responde quando não está “ocupada”…
Mesmo assim este texto poupa-me algum ”trabalho”… Serve para quando me perguntarem algo do que aqui foi escrito bastar-me dizer: “Olha, vê no dia 24 de Fevereiro de 2011 o que está escrito no meu blog…”
Se me passar pela cabeça ainda escrevo aqui algumas coisas relativas a isto…
1 comentários:
Afinal de contas o que somos nós sem bons amigos?!
Nada...
São eles que nos abrem os olhos quando não queremos ver, são eles que nos aconselham quando temos duvidas... são eles o nosso porto de abrigo... e podemos ter certeza que nunca vão deixar de o ser... BONS AMIGOS :D
(adorei o tema :D)
Beijinhos
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